sábado, 14 de junho de 2008













VONTADE
lisieux

Vontade de escrever-te como antigamente,
pondo a alma à mostra, na vitrine,
exposta aos olhos e à apreciação,
como uma grande e total liquidação...
“quem dá menos”?

Vontade de mostrar-te os meus tesouros
pequenos souvenir’s, bijous baratos,
como quem expõe num mostruário
as peças em oferta ao comprador...
“interessado em levar “um peu d’amour”?

Vontade de doar-te meus segredos,
meus sentimentos, pequeninos medos,
os meus cansaços e incoerências,
como se fossem rezas, conseqüências,
de desinteressada confissão...
“ queres ouvir o som do coração”?

Vontade de voltar a ser quem era...
de ter em ti o amigo que eu buscava
e sobre quem, amado, eu derramava
todos os sonhos e desejos vãos,
e os vôos desvairados de poeta...

mas eu já não mais sei doar-me assim
já não consigo mais falar de mim,
porque receio vir a magoar-me...
então recolho as penas, findo o vôo,
tiro as “bijous” e tranco o mostruário...
e guardo a minha solidão
no armário.

BH – 07.11.07

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