quinta-feira, 31 de janeiro de 2008










MENINO DOS PAMPAS
lisieux

Porto Alegre,
perto teu rosto
guri pôr-de-sol...

Magia da serra,
floradas...
e o rio
refletindo
a lua em nós...

Teu corpo aquece
o frio
que ficou esquecido
nas Gerais...

Porto Alegre - fev 2002

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008
















REFLEXO
lisieux

De dentro do espelho
uma louca me acena.
Engraçado: parece comigo.

BH - 08.02.08

terça-feira, 29 de janeiro de 2008
















JAZZ AO LONGE
lisieux

Altissonantes
notas de tristeza
uma aspereza
de espinho
nos sentidos...

e outras notas
solitárias,
nos ouvidos.

BH -

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008













DIURNAMENTE
lisieux

Noite abortada...

sol nascendo
a medo,
acordando
alheio
aos corpos,

gemendo
de

d o r...

domingo, 27 de janeiro de 2008












DIVAGANDO
lisieux

É sábado...
lembrança
dança.

Piscam letreiros
na tarde cinzenta...

vida passeia
lenta.

BH - 07.02.08

sábado, 26 de janeiro de 2008












GUAÍBA
lisieux

Soluço das águas
iridescendo luzes.
Entardecer...

Porto Alegre - fev 2002

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008
















LOUCA CAPITAL
lisieux

Pelas ruas muitas caras
e sotaques
Luz, vitrines e cenários
em destaque.

Nas esquinas, mil encontros
despedidas.
Operários e lojistas,
avenidas...

Vis salários, verso, artistas,
cenas, crimes...
Estrangeiros, companheiros,
motoristas.

Nordestinos, japoneses
trambiqueiros.
Sé, meninos, camelôs
patrões, fregueses...

Vilas, túneis e metrôs,
pobres, burgueses...
Lixo, luxo, mil complôs
corridos meses.

Paulicéia desvairada
assustadora...
Aperta o passo,
no compasso
da
ga
ro
a
.
.
.
Homenagem a São Paulo, cidade que amo, no dia do seu aniversário.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008
















UN BACIO PER TE
lisieux

Eu vim trazer-te um beijo apaixonado
simbolizando o amor que consome
e que me faz chamar pelo teu nome
sonhando em ter-te sempre do meu lado...

Trago-te um beijo assim: quente e molhado,
que arde dentro de mim na noite insone
em que, no criado-mudo, o telefone
não toca... nem me traz o teu recado...

E então meu beijo vai, enlouquecido,
nas asas desta brisa matutina
ao encontro do teu corpo adormecido

Penetra no teu sonho, mansamente
os teus sentidos todos, alucina...
Pena que o dia raie, novamente...

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008













DOIS LADOS DA MINHA RUA
lisieux

O lado claro da rua,
banhado na luz da lua
cheio de brilho e alegria...
é o lado do meu passado
de menina-moça, amante,
que vivia esfuziante
feliz de estar do teu lado,
sempre em tua companhia...

O lado escuro da rua
onde se escondeu a lua
e até mesmo a luz é fria,
nem há cantos, no arrebol...
é o lado triste de agora,
porque tu te foste embora
deixando-me assim, sombria,
tu que eras o meu sol!

BH - 01.02.04
01h35m

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008












TÉDIO
lisieux

Os dias transcorrem
sem rumos, sem rimas
sem flores, bombons
sem frases calientes
sem toques, sem beijos
fanados desejos
e dedos dormentes
e bocas seladas
sem cores, sem sons...

Meus olhos são mares
de ondas bravias
não são esses céus
de infinitos azuis
não têm a pureza
de nuvens serenas
nem toques de harpas
de mil querubins...
são ondas tremendas
batendo as escarpas
que jogam teu barco
pra longe de mim

porém minha vida
sem me navegares
são frios lugares
desertos sem fim...

BH - 06.09.07











REJUVENESCIMENTO
lisieux

Antes de ti era velha,
fim de estoque,
baixa-estima...
depois de ti, adolesço...
faço verso, arrisco rima...

sou moça, talvez menina
sem retoque ou purpurina
voltei a dar-me bom preço...

não estou no fim da linha...
pois amar-te,
é recomeço.

BH - 12.11.07

domingo, 20 de janeiro de 2008













TEUS SINAIS
lisieux

Sinalizas que és presente
no meu corpo e minha mente
mesmo quando estás distante...
pois me falas pelo vento,
pela água, firmamento,
pelas pedras, diamante...

Teus sinais capto logo:
seja na cinza ou no fogo,
no inverno ou primavera;
seja no outono ou verão,
pois moras no coração
desta que vive à tua espera...

BH - 23.10.07

sábado, 19 de janeiro de 2008













NO MORE ENGLISH
lisieux

Eu não quero Coca-cola
nem hambúrger, hot dog,
não aceito mais delivery
ou rodízio japonês...
quero café, jogar bola,
comer um bom pão de queijo...
e saborear teu beijo
sem ter que falar inglês...

BH - 18.01.08

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008















MEDIANOS
lisieux

Quando aos 12 anos
ganhou um Cervantes
disseram:
"Antes tivesse ganhado
uma enciclopédia..."

Pobre dessa gente
que fica
dentro da "média"...

BH - 18.01.08

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008












POR TODAS EM MIM
lisieux

Se não por mim
por todas as mulheres
que têm em si esse desassossego
que têm em si essa ânsia de píncaros
mas que transitam entre despenhadeiros...

Se não por mim
por todas as que choram
e se reviram à noite em seus lençóis
enquanto as estrelas solitárias
lembram-nas de noites orvalhadas
em que sonhavam poder ser felizes.

Se não por mim
por todas as mulheres
que trazem pássaros presos na garganta
que aprisionam feras nos seus seios
mas que se calam e sofrem
porque amam...

Se não por mim
por todas as que crêem
que em meio à tempestade, um dia surja
uma nova e radiosa aurora
de esperança.

BH - 30.11.03

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

















VOLTEI(in)VERSOS
lisieux

Voltei trazendo em mim rimas expostas
compostas dos fiapos de esperança
e a dança dos meus versos derramados
eternizados nos meus sonhos de criança

Voltei mostrando a métrica quebrada
mesclada à melodia dos quartetos
tercetos procurando alinhavá-la
acomodá-la à rigidez dos meus sonetos

Voltei... tendo na mala essa tristeza
certeza de que não posso conter
o sentimento que derramo em agonia

Voltei para dizer-te nesses versos
que sou o (in)verso do que mostro ao mundo
e só no fundo do meu peito há poesia.

BH – 07.11.05
05h08m

OBS. A métrica está propositadamente quebrada,
em cada último verso dos quartetos e tercetos.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008











OU... CALA-TE PARA SEMPRE
lisieux

Cala-te!
Não digas mais
os mesmo (des)assuntos,
não faças mais
as mesmas asperezas,
não me machuques
(in) delicadezas.

Cala-te!
Pra que dizer
com os olhos de cristal,
o desamor,
o desafeto,
prenúncios do final?

Cala-te!
Pra que falar
com o descair dos braços
e os mesmos gestos
de indiferença,
que o nosso caso
adquire traços
de doença?

Cala-te!

Melhor não mais te ouvir
mesmo ferida...
Que ter que me mentir
por toda a vida...

BH - 14.07.05

domingo, 13 de janeiro de 2008













LOUCURA
lisieux

E até pode parecer loucura
essa mistura
de desejo e dor.
Pode parecer que é magia
a nostalgia
que nos causa o amor...

Pode parecer inconseqüência,
talvez demência,
a gente amar assim...
mas é tão grande, amor,
minha carência
que não consigo
te afastar de mim...

E até pode parecer loucura,
mas toda a jura
que um dia eu fiz,
eu vou manter assim,
teimosamente.
Uma demente...
mas feliz, enfim!

BH - 14.07.04
15h03m

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008











INCOMUM
lisieux

Incomum
é tomar café com rum
comprar sem dinheiro algum
ficar sem amor nenhum
comer salada de atum
fazer um "4" bebum...
Beijo não... beijo é comum
inda mais se somos um...

(Sessão besteirol no orkut, com
o amigo Marcos Caiado...)

BH - 17.06.06

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008













NO MEU CORAÇÃO
lisieux

E no meu coração vives também
guardado a sete chaves, com carinho...
Nele tu tens um pouso certo, um ninho
dele te faço meu maior refém...

Se quiseres fugir, não há mais jeito;
pois eu já te prendi nos meus grilhões
e não encontras noutros corações,
o amor que pra ti guardo aqui no peito.

Portanto, fica nele, bem quietinho
aceita sem reserva o meu carinho
jamais pretendas buscar outros ares...

Porque o meu coração é lar sereno.
O meu amor é outono, um tempo ameno,
e não serás feliz se me deixares!

BH - 01.06.05

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008











ALTERNÂNCIAS
lisieux

Ora sou água, ora fogo ardente;
ora sou brisa, ora vento forte;
ora me mostro, estrela reluzente,
ora me escondo, sou temor da morte.

Um dia sou alegre; noutro, triste.
Um dia sou espera; noutro, encontro.
Um dia sou muralha que resiste,
no outro, abro a guarda, entrego o ponto.

De tardezinha, sou canção de despedida,
que faz perder o rumo, que seduz...
De madrugada eu sou porto, sou guarida,
sou a estrela do Oriente, que conduz.

Às vezes eu me perco... outras me acho;
às vezes eu odeio... e outras, amo;
às vezes as angústias eu despacho
e outras eu me entrego e não reclamo.

Assim eu vivo, nessas alternâncias,
Um dia muito bem, no outro mal.
Pois sou feita de extremos, discrepâncias,
sou humana, vou volúvel, sou dual.

BH - 05.07.06

--

terça-feira, 8 de janeiro de 2008
















FATIA
lisieux

Fatio o dia
diariamente
como faria
com uma pizza 4 queijos:
cada sabor, uma fase,
em cada fase, um recheio...
Ou talvez apenas dois
partida ao meio...

BH – 16.11.05

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008
















ENTRE LINHAS
lisieux

Pelos espaços vazios
entre linhas
pode-ser ler
o não escrito
decifrar
o não dito
enxergar
o não desenhado...

E, muitas vezes,
é possível
descobrir muito além
do que o poema
diz...

BH - 02.05.06

domingo, 6 de janeiro de 2008












NÃO MORO MAIS EM MIM
lisieux

Quando te foste e me deixaste aqui
perdi o rumo, a voz, a vez, o chão...
fiquei aqui sozinha, não parti,
porém tu me levaste o coração.

Fiquei aqui, vazia, só e triste
apenas à espera do meu fim.
Não tenho mais alento, se partiste
e já não moro mais dentro de mim.

E faltam-me palavras pra dizer
o quanto sinto falta do teu braço
que eu usava para me suster...

Sem ti já não me importa mais viver...
a vida é peso, é fardo, é só cansaço
e não consigo mais sobreviver...

BH - 09.09.07

sábado, 5 de janeiro de 2008













SEMEADURA
lisieux

carícias são sementes
jogadas no canteiro
das possibilidades

o corpo é terra fértil
à espera do plantio

agricultor,
usas as mãos
para adubar-me

salivas gotas a regar-me
o colo
aras o solo
do meu corpo nu

e enfim...

quando de dia
o sol acende a tocha
já desabrocha
poesia
em mim...

BH - 01.12.07
04h

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008












VONTADE
lisieux

Vontade de escrever-te como antigamente,
pondo a alma à mostra, na vitrine,
exposta aos olhos e à apreciação,
como uma grande e total liquidação...
“quem dá menos”?

Vontade de mostrar-te os meus tesouros
pequenos souvenir’s, bijous baratos,
como quem expõe num mostruário
as peças em oferta ao comprador...
“interessado em levar “um peu d’amour”?

Vontade de doar-te meus segredos,
meus sentimentos, pequeninos medos,
os meus cansaços e incoerências,
como se fossem rezas, conseqüências,
de desinteressada confissão...
“ queres ouvir o som do coração”?

Vontade de voltar a ser quem era...
de ter em ti o amigo que eu buscava
e sobre quem, amado, eu derramava
todos os sonhos e desejos vãos,
e os vôos desvairados de poeta...

mas eu já não mais sei doar-me assim
já não consigo mais falar de mim,
porque receio vir a magoar-me...
então recolho as penas, findo o vôo,
tiro as “bijous” e tranco o mostruário...
e guardo a minha solidão
no armário.

BH – 07.11.07

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008













LAURA
lisieux

Teu nome é (um poeta já dizia)
sinônimo de vida e amor... enfim,
significa o mesmo para mim
através da tua bela poesia...

E mesmo estando a noite escura e fria
os teus poemas aquecem-me assim...
porque não pode a noite estar sombria
se as rimas falam de um amor sem fim.

O nome teu, por si, já é poesia!
E sempre que te leio, a alegria
povoa-me a mente descuidada...

E por poder curtir essa magia
de ler os teus poemas noite e dia,
só posso te dizer: muito obrigada!

BH – 30.12.07

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008













FOTO RASGADA
lisieux
glosando Waldir Neves

mote: Waldir Neves

Saudade... foto em pedaços
que eu colei com mão tremida,
tentando compor os traços
de quem rasgou minha vida...
glosa:

glosa: lisieux

SAUDADE... FOTO EM PEDAÇOS
na gaveta, adormecida,
a me lembrar dos teus braços
e dos teus beijos, querida.

Foi tanta a dor da saudade,
QUE EU COLEI, COM MÃO TREMIDA,
a foto da mocidade
que ali estava, esquecida.

Fui seguindo em largos passos
a estrada da esperança,
TENTANDO COMPOR OS TRAÇOS
apagados da lembrança.

Quando reconstrui a imagem
em meu olhar, refletida,
vi o rosto, qual miragem,
DE QUEM RASGOU MINHA VIDA...

BH – 22.12.07

terça-feira, 1 de janeiro de 2008













MAIS UM BLUE EYES

Olá!!! Começando mais um ano e mais um blog da
série Blue Eyes... O sexto!
Quem diria que, ao começar a postar meus rabiscos,
em 2002 eu perseveraria por tanto tempo, mesmo não
tendo mais tantas visitas quanto antes.
Mas... se escrever é meu ofício, tanto faz se me
lêem ou não. AMO escrever.
Portanto, vamos começar mais um ano de poemas,
desabafos, partilha...
Sempre com muita alegria!
FELIZ 2008!